Os grandes projetos urbanos como estratégia de crescimento econômico - Vol. 39 Núm. 117, Mayo - Mayo 2013 - EURE-Revista Latinoamericana de Estudios Urbanos Regionales - Libros y Revistas - VLEX 487208254

Os grandes projetos urbanos como estratégia de crescimento econômico

Autorde Oliveira, A.
CargoUniversidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
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  0250-7161 |   0717-6236
Recibido El 18 de julio de 2011, aprobado el 11 de febrero de 2012
Email: Alberto de Oliveira, alberto.ippur@gmail.com
Os grandes projetos urbanos como
estratégia de crescimento econômico
Alberto de Oliveira. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
 | Os grandes projetos urbanos são apresentados como estratégias de
desenvolvimento econômico e social. O objetivo desse trabalho é estudar as experiência s de
São Paulo e do Rio de Janeiro para mostrar o s limites, os custos e as potencialidades dessas
estratégias. A investigação mostrou que os resultados obtidos não a lcançaram os objetivos
desejados pelos defensores dos grandes projetos. As popula ções so cialmente v ulneráveis
atingidas pelos projetos tiveram perdas. Essas experiências serviram para apontar elementos
cruciais que devem ser analisados em projetos importantes em curso no Brasil, especialmente
a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos .
- | economia urbana, gentricação, gestão urbana.
 | Large urban projects are presented as a strategy for economic and social
development. e aim of this paper is to study the experiences of S ão Paulo and Rio de Janeiro
to understand the limits, costs and potential of large urban projects. e results showed that the
goals proposed by defenders of l arge urban projects were not met. Large projects failed to benet
populations concerned by them. ese experiences served to point out crucial elements about the
implications of large urban projects. is is very important to Brazil because large projects have
been prepared facing the 2014 World Cup and the 2016 Olympic Games.
  | urban economy, gentrication, urban manageme nt.
VOL 39 | NO 117 | MAYO 2013 | pp. 147-163 | ARTÍCULOS | ©EURE
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Os grandes projetos urbanos são entendidos por seus defensores, como estratégias de
crescimento econômico lastreadas nas cidades. Tal conclusão está baseada em dois
elementos fundamentais: (1) os elevados recursos envolvidos nos projetos tendem
a superar os limites orçamentários da cidade, levando a administração municipal a
buscar nanciamento em outros níveis de governo e/ou no mercado nanceiro e de
capitais. (2) as principais justicativas desses investimentos, além do potencial efeito
multiplicador, são a atração de investimentos e a geração de renda e emprego.
A real ização de grandes projetos urbanos, a ssociados ou não a eventos cultu-
rais e esportivos de grande visibilidade internacional, não se constitui novidade na
literatura, nem tampouc o, na história das g randes cidades europeias e latino-ame-
ricanas. Nos primórdios da Revolução Industrial, Paris foi palco de importantes
projetos urbanísticos que buscaram garantir a modernização da cidade e os meios
necessários para a manutenção do processo de a cumulação capita lista. A expe-
riência de Barcelona, no s anos 1990 , transformou a cidade em modelo de gestão
urbana, g erando rebatimentos inconf undíveis em pa íses com d iferentes situações
socioeconômicas. Na América Latina, a realização de Puerto Madero (Argentina)
e as reiteradas tentativas de remodelação da área portuária do Rio de Janeiro são
provas concretas do fascínio exercido pelo “modelo Barcelona”.
É importante ter em mente que a implantação efetiva de grandes projetos urba-
nos depende de circunstâncias partic ulares que são forjadas no entrelaçamento das
condições políticas, econômicas e históricas presentes em cada cidade. Retomando
o caso de Barcelona, vale lembrar que o aumento da autonomia política e econômi-
ca das cidades e spanholas (em contrapartida à queda do franquismo) e os vultosos
uxos de investimentos decorrentes do processo de unicação europeia foram fato-
res decisivos para a implementação daque le projeto urbanístico.
A cidade de Lo ndres, tal como Barcelona, tamb ém gura entre os grandes íco -
nes do que caria conhecido como “planejamento estratégi co”. Porém, os ingleses
inovaram a experiência ao incorporar novos instrumentos de captação e admin is-
tração de recursos que aproximavam as relações entre o público e o privado. Na
Inglaterra, replicando o observado nos EUA, foram criadas “agências de desenvol-
vimento” incumbidas de atribuições urbanísticas de áreas previamente delim ita-
das. Estas ag ências foram chamadas de Urban Development Cor porations (UDCs).
Havia, também, as Housing Associations, empresas de capital misto e voltadas para a
construção habitacional e, nalmente, a s “Zonas Empresariais”, denidas como re-
cortes geo grácos do tecido urbano considerados estratégicos, que contavam com
incentivos scais e nanceiros para a atração de empresas.
As UDCs tinham quatro objetivos fundamentais: oferecer terrenos e edif ícios para
uso efetivo; encorajar o desenvolvimento de atividades comerciais e industriais novas
e existentes; atrair o investimento privado; e prover habitações e equipamentos
sociais para estimular a ocupação urbana. A estratégia adotada era a de aportar
recursos do setor público para incentivar investimentos privad os complementares,
seja no co -nanciamento das obras de infra estrutura ou no desenvolvimento de
projetos particulares. Para a gestão da UDC, o governo britânico nomeava um

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