Os grandes projetos urbanos como estratégia de crescimento econômico
Autor | de Oliveira, A. |
Cargo | Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil |
147
0250-7161 | 0717-6236
Recibido El 18 de julio de 2011, aprobado el 11 de febrero de 2012
Email: Alberto de Oliveira, alberto.ippur@gmail.com
Os grandes projetos urbanos como
estratégia de crescimento econômico
Alberto de Oliveira. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
| Os grandes projetos urbanos são apresentados como estratégias de
desenvolvimento econômico e social. O objetivo desse trabalho é estudar as experiência s de
São Paulo e do Rio de Janeiro para mostrar o s limites, os custos e as potencialidades dessas
estratégias. A investigação mostrou que os resultados obtidos não a lcançaram os objetivos
desejados pelos defensores dos grandes projetos. As popula ções so cialmente v ulneráveis
atingidas pelos projetos tiveram perdas. Essas experiências serviram para apontar elementos
cruciais que devem ser analisados em projetos importantes em curso no Brasil, especialmente
a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos .
- | economia urbana, gentricação, gestão urbana.
| Large urban projects are presented as a strategy for economic and social
development. e aim of this paper is to study the experiences of S ão Paulo and Rio de Janeiro
to understand the limits, costs and potential of large urban projects. e results showed that the
goals proposed by defenders of l arge urban projects were not met. Large projects failed to benet
populations concerned by them. ese experiences served to point out crucial elements about the
implications of large urban projects. is is very important to Brazil because large projects have
been prepared facing the 2014 World Cup and the 2016 Olympic Games.
| urban economy, gentrication, urban manageme nt.
VOL 39 | NO 117 | MAYO 2013 | pp. 147-163 | ARTÍCULOS | ©EURE
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Os grandes projetos urbanos são entendidos por seus defensores, como estratégias de
crescimento econômico lastreadas nas cidades. Tal conclusão está baseada em dois
elementos fundamentais: (1) os elevados recursos envolvidos nos projetos tendem
a superar os limites orçamentários da cidade, levando a administração municipal a
buscar nanciamento em outros níveis de governo e/ou no mercado nanceiro e de
capitais. (2) as principais justicativas desses investimentos, além do potencial efeito
multiplicador, são a atração de investimentos e a geração de renda e emprego.
A real ização de grandes projetos urbanos, a ssociados ou não a eventos cultu-
rais e esportivos de grande visibilidade internacional, não se constitui novidade na
literatura, nem tampouc o, na história das g randes cidades europeias e latino-ame-
ricanas. Nos primórdios da Revolução Industrial, Paris foi palco de importantes
projetos urbanísticos que buscaram garantir a modernização da cidade e os meios
necessários para a manutenção do processo de a cumulação capita lista. A expe-
riência de Barcelona, no s anos 1990 , transformou a cidade em modelo de gestão
urbana, g erando rebatimentos inconf undíveis em pa íses com d iferentes situações
socioeconômicas. Na América Latina, a realização de Puerto Madero (Argentina)
e as reiteradas tentativas de remodelação da área portuária do Rio de Janeiro são
provas concretas do fascínio exercido pelo “modelo Barcelona”.
É importante ter em mente que a implantação efetiva de grandes projetos urba-
nos depende de circunstâncias partic ulares que são forjadas no entrelaçamento das
condições políticas, econômicas e históricas presentes em cada cidade. Retomando
o caso de Barcelona, vale lembrar que o aumento da autonomia política e econômi-
ca das cidades e spanholas (em contrapartida à queda do franquismo) e os vultosos
uxos de investimentos decorrentes do processo de unicação europeia foram fato-
res decisivos para a implementação daque le projeto urbanístico.
A cidade de Lo ndres, tal como Barcelona, tamb ém gura entre os grandes íco -
nes do que caria conhecido como “planejamento estratégi co”. Porém, os ingleses
inovaram a experiência ao incorporar novos instrumentos de captação e admin is-
tração de recursos que aproximavam as relações entre o público e o privado. Na
Inglaterra, replicando o observado nos EUA, foram criadas “agências de desenvol-
vimento” incumbidas de atribuições urbanísticas de áreas previamente delim ita-
das. Estas ag ências foram chamadas de Urban Development Cor porations (UDCs).
Havia, também, as Housing Associations, empresas de capital misto e voltadas para a
construção habitacional e, nalmente, a s “Zonas Empresariais”, denidas como re-
cortes geo grácos do tecido urbano considerados estratégicos, que contavam com
incentivos scais e nanceiros para a atração de empresas.
As UDCs tinham quatro objetivos fundamentais: oferecer terrenos e edif ícios para
uso efetivo; encorajar o desenvolvimento de atividades comerciais e industriais novas
e existentes; atrair o investimento privado; e prover habitações e equipamentos
sociais para estimular a ocupação urbana. A estratégia adotada era a de aportar
recursos do setor público para incentivar investimentos privad os complementares,
seja no co -nanciamento das obras de infra estrutura ou no desenvolvimento de
projetos particulares. Para a gestão da UDC, o governo britânico nomeava um
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